Moções sobre sistema de cotas e liberação da vaquejada geram debate na Câmara

 

Duas moções votadas na sessão desta terça-feira (13) geraram debate entre os vereadores. A primeira, de autoria do vereador Alécio Cau (PDT), parabenizava a Unicamp (Universidade Estadual de Campinas), pela adoção do sistema de cotas no vestibular. Já a segunda era um repúdio ao Congresso Nacional pela aprovação da emenda à Constituição Federal, que libera a prática da vaquejada e dos rodeios no Brasil. Ambas as moções tiveram votos contrários.

 

Ao discutir o sistema de cotas, o vereador Alécio Cau ressaltou que faltam oportunidades aos negros e estudantes de escolas públicas para ingressarem nas universidades, e que o argumento da meritocracia só se sustenta em países altamente desenvolvidos, onde, segundo ele, todos os cidadãos, independentemente da cor e classe social, dispõem de ferramentas sociais e estatais para o desenvolvimento. “A universidade pública é um direito de todos, só que esse direito não está sendo resguardado, uma vez que a oportunidade de igualdade não é a mesma para todos. É necessário que se faça esse tipo de reparação para que aqueles que sempre ficaram à margem de acessar a universidade possam ter condições”, afirmou o vereador.

 

Alécio também disse que é ilusão pensar que o aluno de escola pública tem as mesmas condições dos alunos de escola privada. “Muitas vezes o aluno de escola pública tem de trabalhar o dia inteiro (...) Temos sim que investir em educação, mas sabemos que o resultado disso é a longo prazo”, pontuou.

 

Um dos seis vereadores que votaram contra a moção que parabeniza a Unicamp pelo sistema de cotas foi o vereador André Amaral (PSDB). Para ele, as cotas contribuem para a segregação e desigualdade. “Nossa Constituição diz que um dos objetivos fundamentais é promover o bem de todos sem qualquer preconceito de origem, raça, sexo, cor, idade. Então vemos que essa lei de cotas vem sustentada por um pensamento de origem marxista, que quer dividir a sociedade em classes, colocando homens contra mulheres, ricos contra pobres”, discursou.

 

O vereador também defendeu melhorias no sistema público de ensino para combater a desigualdade. “Nós queremos igualdade de oportunidade às pessoas. Com relação à educação, precisamos melhorar a educação na origem, na valorização do professor. Precisamos oferecer um ensino de qualidade na escola pública”, defendeu.

 

A moção foi aprovada com seis votos contrários e será encaminhada à Unicamp.

 

 

A favor: Alécio Cau (PDT), Edson Secafim (PP), Giba (PMDB), Roberson Costalonga “Salame” (PMDB), Mônica Morandi (PDT), Henrique Conti (PV), César Rocha (Rede), Mayr (PV) e Veiga (DEM).

 

Contra: Rodrigo Fagnani Popó (PSDB), André Amaral (PSDB), Kiko Beloni (PSB), Franklin (PSDB), Mauro Penido (PPS), Rodrigo Toloi (DEM).

 

 

 

Vaquejada

 

Outra moção que gerou debate foi a de repúdio ao Congresso Nacional pela aprovação da emenda que libera a prática da vaquejada e dos rodeios no Brasil. Com 8 votos contrários, a moção foi rejeitada pelo plenário.

 

O autor da propositura, vereador César Rocha, defendeu o repúdio dizendo que a vaquejada é crueldade e não pode ser inserida na Constituição. “Cultura não pode machucar nem matar. É uma premissa básica. Ela deixa de ser cultura quando faz mal aos outros”, afirmou.

 

Contrário ao repúdio, o vereador Roberson Costalonga “Salame” (PMDB) defendeu a liberação da vaquejada. “Pelo que percebo, os animais que participam dessas competições oficiais são muito bem tratados e tem acompanhamento de veterinários (...) Sou contra pessoas que maltratam animais, mas esses animais que participam de provas não são maltratados”, disse.

 

Como a moção foi rejeitada, o documento de repúdio foi arquivado.

 

 

A favor do repúdio: César Rocha (Rede), Alécio Cau (PDT), Giba (PMDB), Mônica Morandi (PDT), Henrique Conti (PV), Veiga (DEM) e Kiko Beloni (PSB).

 

Contra o repúdio: Rodrigo Fagnani Popó (PSDB), André Amaral (PSDB), Franklin (PSDB), Mayr (PV), Mauro Penido (PPS), Edson Secafim (PP), Roberson Costalonga “Salame” (PMDB) e Rodrigo Toloi (DEM).